Empreendimentos de Alto Padrão em São Paulo
Novas centralidades e a natureza como mercadoria
BERTOLLO.M.Arranjos espaciais no entorno do novo centro corporativo de São Paulo: o condominio vertical Parnanby. 2008. http://www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Geografiasocioeconomica/Geografiaurbana/265.pdf
HENRIQUE.W. A Natureza sempre foi ela mas nunca tão sofisticada. A cidade e a valorização da natureza: os empreendmentos imobiliarios de alto padrao em São Paulo. Boletim Gaucho de geografia. 2006.http://files.agb-portoalegre.webnode.com.br/200000078-af700b069e/art01.pdf
De acordo com o autor H.W, nas grandes cidades, que passaram por processos de urbanização que artificializou o espaço através das tecnicas e infraestruturas fixas, a natureza incorporou-se a esfera capitalista sendo apropriada e produzida com o objetivo de valorização monetária de mercadorias dos mais variados segmentos de serviços e da produção. Assim, em um ambiente altamente artificializado, é retomado uma ideia mitica sobre a natureza, na qual ela torna-se reificada para o mercado.
"Capitalizada e mercantilizada, a natureza, idéia e objeto, tem seus consumidores e clientes, pessoas que por ela transitam, passam, viajam, comprando-a e consumindo-a, literal ou metaforicamente falando, como símbolo, imagem, ícone, poder ou status." (H.W)
A natureza transformada em item de consumo, é considerada por Harvey como um processo de "disneyficação" na qual a pratica social passa a ser tomada por um conjunto de fantasia, ideias, imagens, e desejos de uma natureza glamourizada associada a ideia de felicidade, e harmonia, de inexistencia de conflitos no espaço; um mundo de entretenimento; um retorno nostalgico a natureza mitica; um estetica da perfeição; a perpetuação do fetiche da mercadoria e a criação de identidades relacionadas a ele: "Sou o que posso comprar, sou o que possuo".
Vende-se um estilo de vida "em harmonia com a natureza" que atinge os empreendimentos imobiliarios , de forma que os incorporadores se apropriam dos locais belos, que são rapidamente loteados, murados, e construidos as mansões e casarões pretenciosos.
"Podemos exemplificar esta venda de um estilo de vida 'em harmonia com a natureza', através dos empreendimentos imobiliários batizados com nomes que remetem a natureza - ‘A Reserva’, ‘Anthurium’, ‘Le Grand Jardin’, ‘Green Philosophy’, ‘Villagio da Serra’, ‘Jardim do Parque’, ‘Cristal Park’, ‘Verti Vita’, entre muitos. Isto pode ser observado em São Paulo, em áreas densamente ocupadas, que os agentes do mercado imobiliário – muitos com capital estrangeiro - vendem como um produto vinculado a uma natureza primitiva." (H.W)
Em São Paulo que é em si mesma a negação de uma natureza verde e romantica, qualquer objeto relacionado a uma ideia da natureza transforma-se em valor econômico por associa-lo a qualidade de vida, aumento os preços dos imóveis. Esse processo se observa em diversas areas da cidade, mas principalmente concentrado nas imediações de parques urbanos em bairros como: Vila Andrade, Moema, Morumbi, Brooklin Novo, Campo Belo, Granja Julieta entre outro. Um dos anuncios analisados pelo autor representam essa ideia:
O “Mustique – Le paradis est ici” (www.ezmustique.com.br) uma obra da EZTEC, é um dos melhores exemplos da utilização de uma idéia de natureza para agregar valor ao imóvel. Na propaganda do empreendimento, afirma-se que “a Natureza invade o condomínio e colore as ruas do quarteirão. Mais de 80 árvores já foram plantadas nas calçadas do quarteirão que abraça o Mustique, fazendo do condomínio e de seu entorno, uma verdadeira ilha de verde, ar puro e cor, muita cor. São plátanos, espécie que atinge até sete metros de altura e tronco com 50 cm de diâmetro cujas folhas ficam vermelhas no outono e verde-alface na primavera, tingindo o cenário com tonalidades únicas e trazendo sombreamento agradável, ideal para passeios a qualquer hora do dia”
É necessário destacar a refuncionalização da cidade de São Paulo nas ultimas décadas, e a formação de um novo centro de negócios no entorno da Av Luis Carlos Berrini e da Av Nações Unidas como dois eixos corporativos da cidade. Segundo a Av Berrini desponta como espaço corporativo a partir de 1987, e a Av Paulista, simbolo de prestigio até os anos 1980 começa a perde-lo para outras areas, rumo em direção a Marginal Pinheiros. Com a chegada das multinacionais, o mercado de imóveis de luxo entrou em expansão. Entre estes, o empreendimento Condominio Villagio Parnamby:
"A propaganda deste empreendimento mostra o predomínio do tom verde nas figuras, os edifícios são inseridos no meio de uma grande floresta tropical, repleta de árvores de grande porte, e não no espaço urbano de São Paulo, nas proximidades da Marginal Pinheiros, na vertente oposta aos grandes prédios “inteligentes” da região. O Projeto Panamby está cercado ao sul pela área residencial do bairro de alto padrão Morumbi e o Jardim São Luís, este último formado por um conjunto de loteamentos populares e também por favela. Ao leste encontra-se a Marginal do Rio Pinheiros, onde há o Pólo Marginal, o novo eixo empresarial de São Paulo, concentrando edifícios de escritórios construídos desde a década de 1990. A oeste estão áreas residenciais como o Jardim Guedala, Real Parque e Vila Andrade, de classe média e um comércio que atende esta população do entorno. Ao norte encontra-se o Shopping Jardim Sul de alto padrão e mais ao norte a Favela de Paraisópolis. De acordo com CALDEIRA, 1984, a expansão da cidade feita com base nesse processo segregador, do ponto de vista social é caótico e do ponto de vista urbano, teve como resultado a criação de um espaço claramente diferenciado e a exacerbação das marcas sociais. " (M.B)
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Brooklin |
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Campo Belo |
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Moema |
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Morumbi |
BERTOLLO.M.Arranjos espaciais no entorno do novo centro corporativo de São Paulo: o condominio vertical Parnanby. 2008. http://www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Geografiasocioeconomica/Geografiaurbana/265.pdf
HENRIQUE.W. A Natureza sempre foi ela mas nunca tão sofisticada. A cidade e a valorização da natureza: os empreendmentos imobiliarios de alto padrao em São Paulo. Boletim Gaucho de geografia. 2006.http://files.agb-portoalegre.webnode.com.br/200000078-af700b069e/art01.pdf
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